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Cada um com a sua crise
Hoje pensei sobre crise, pois uma pessoa próxima da minha família se suicidou. Todos nós passamos por crises, problemas, frustrações. Ainda que a gente queira mostrar nas redes sociais o que há de melhor em nossas vidas, seja porque queremos lembrar e nos apegar a estes momentos e não aos maus, seja para inspirar os outros, seja porque queremos mostrar ao mundo o quão sortudos somos por estarmos vivos e vivendo experiências diferentes, o que for.
Há uma parte da vida que é complicada sim, que é difícil. Cada um tem os seus obstáculos e percalços. E dói. Dói nas costas, no pescoço, dói a cabeça ou alguma outra parte do corpo. É mental, é físico, é humano. E o meu lado profissional logo vem no meu pensamento: Qual a outra forma de ver esses momentos? O discurso do pensamento positivo parece saturado para alguns e céticos dirão que não funciona, mas eu acredito fortemente que precisamos nos agarrar a algo.
Alguns terão à Deus, outros à família, ao amor… Algo. Pode ser alguma crença que nos fortaleça, algum pensamento que nos deixa mais esperançosos. Porque sim, é difícil viver diante de tantas coisas acontecendo, principalmente as ruins, e muitos acabam desistindo no caminho. Não julgo. Não recrimino. Já senti também os meus pesos sobre os meus ombros, os olhos ardendo pelas horas excessivas de trabalho, a ansiedade interminável, a tristeza que não deixa o universo com pena.
E, nesses momentos, eu questiono. Será real isso tudo? Será que é um exagero sofrer em um mundo tão abundante? Mas abundante de que, se há tanta violência, descaso, injustiça? Ainda que às vezes não esteja focando no que há de mais belo, acho válido sim, buscar beleza nas pequenas coisas, rir todos os dias, buscar o aprendizado que engrandece e o descanso que renova. Faz parte da jornada parar um pouco, dormir, relaxar e curtir.
A vida não é só uma crise. Muito pelo contrário, tem gente que tem crise todo aniversário, outros a cada 10 anos, crise dos 30, 40, 50… Sem falar da crise do país, da economia, da política, da empresa. Sei que, às vezes, pode ser tentador ceder a essa tal Crise. Mergulhar nesse lugar escuro, solitário, pesado e doloroso. Mas também é possível ir em outra direção, ainda que se escolha ir por uma não tão agradável assim. Tudo bem. Faz parte. Estamos juntos. Cada um com a sua crise, em seus tempos e espaços, mas ela é comum a todos. Sendo assim, não estamos sozinhos, ainda que escolhermos ficar sós. Ainda assim, escolhemos. E sim, impactamos os outros.
